segunda-feira, 19 de janeiro de 2009



A estrada da Vida!



Já era tarde quando estava na estrada, dirigia á base de café e escutava musica alta. Laninha adorava sentir o vento gelado passando entre seus cabelos o fazendo ficar bagunçado.
A estação de rádio começa a ficar fora do ar, certamente estava saindo da cidade finalmente.
Realmente estava fugindo, não podia mais viver daquele jeito, não agüentava mais.
Enquanto dirigia velozmente seu carro cantando avistou ao longe um pequeno posto de conveniência. Resolve então para um pouco e esticar as pernas e tomar mais um café, tinha medo que dormisse ao volante e sofresse um acidente.
Realmente não era um bom lugar para uma mulher de 25 anos ficar sozinha, tinha muitos caminhoneiros mal encarados com sorrisos maliciosos.
Sentou se em uma das mesas e pediu a uma garçonete que aparentava ser bem mais velha do que realmente era, somente um café.
Enquanto esperava o café resolveu ler um pouco para se distrair, as cenas do que tinha acontecido naquela noite ainda estavam frescas em sua mente, ainda doía só de lembrar.
Alguém senta ao seu lado e a cutuca a despertando de seus pensamentos.
-O que uma bela moça como você faz sozinha na estrada á uma hora dessas? (diz um homem bem estranho).
Laninha o olha e sente uma grande repugnância por ele, seus cabelos estavam sujos juntamente como sua barba, tinha um cheiro de gasolina misturado a álcool que a deixava nauseada, o olhou com nojo.
-Nada. (disse séria).
-Parece estar perdida, se precisar de ajuda é só me chamar. (tinha um sorriso nos lábios que fez Laninha tremer).
-Não estou perdida, só quero tomar meu café em paz, posso?
-Nossa, a mocinha está brava. (ri e olha para outros caras que estavam no balcão que riem também).
Laninha se levanta bruscamente da mesa, não estava nem um pouco a fim de ficar escutado baboseiras de caminhoneiros. Ele a segura pelo braço bem forte.
-Porque já vai? Fica mais pra gente bater um papinho.
-Me solta seu... seu...
-Seu o que heim? (diz furioso).
-Vamos parar com isso James! Deixa a garota em paz! (diz a garçonete).
Então ele a solta e sai esbravejando.
-Você está bem garota?
-Estou sim muito obrigado!
Ela se senta no balcão e sorve seu café sem vontade nenhuma. Paga e sai de lá o mais rápido possível, não estava a fim de se meter em confusão.
Logo estava na estrada de novo.
Já passava das 2 da manhã e Laninha não agüentava de sono, tinha acordado cedo no dia anterior e estava exausta.
O carro começa a se desviar, Laninha pisava fundo no acelerador, vai indo em direção ao acostamento quando bate, acorda assustada com o baque, por um instante ela não estava lá, estava em sua cama dormindo.
Bate com a testa no volante que começa a sangrar, a dor das costa piora ainda mais por causa do cinto.
Laninha tira o cinto e com dificuldade sai do carro, limpa o sangue da testa na manga da blusa e vai cambaleando para na frente do carro.
-Regacei meu carro! (diz indignada). O que vou fazer agora?
Entra no carro novamente e pega seu celular, sem sinal também, não tinha como chamar ninguém.
Um medo percorre o seu corpo, não queria acreditar no que estava pensando, teria que dormir no carro o restante da noite, na manhã seguinte pensaria em um jeito de sair dali.
Tentou ligar o carro, mas toda vez ele afogava, o motor estava muito amassado. Enfim pegou e Laninha com dificuldade “arrumou” o carro no acostamento, por um instante teve a maluca idéia de seguir em frente com o carro naquele estado, ficou com o carro ligado enquanto pensava, colocou o pé no acelerador e o carro morreu novamente, dessa vez definitivamente.
Tranca as portas e janelas e se acomoda no banco de trás do carro, ainda sentia medo, o lugar estava deserto, a única coisa que escutava eram uns sapos ao longe, barulho estranho isso sim.
Estava tão cansada que logo adormeceu, sonhou com aquela noite novamente, na verdade teve um pesadelo.
Amanheceu depressa, logo os raios de sol entravam pela janela do carro, Laninha lentamente foi despertando ainda tinha sono, mas nunca conseguiu dormir com claridade, desde pequena era assim.
Rolou para o lado e quase caiu do banco, resolveu então se levantar, sentou se no banco, levou as mãos ao rosto, uma preguiça enorme tomou-lhe o corpo e deitou se novamente, não faria mal dormir mais um pouquinho, a estrada estava vazia mesmo.
Quando ia pegando no sono novamente alguém bate no vidro do carro e Laninha se levanta bruscamente, o coração disparado.
Levanta-se e abre a janela.
-Quem é você?
-Estava passando quando vi o estado do seu carro, cheguei a pensar que estava vazio, ou pior né?! (diz ele).
-É realmente fiz um belo estrago nele, agora não tenho como sair daqui.
-(estica a mão pela janela) Meu nome é Leonardo, prazer!
-Prazer, Laninha.
Então abre a porta do carro e com dificuldade sai.
-Nossa, você se machucou, está tudo bem?
-Acho que sim, foi apenas um arranhão.
-Arranhão não, você fez um corte feio na testa, vai precisar fazer um curativo antes que piore. (diz todo preocupado).
Leonardo todo delicado toca no corte de Laninha a fazendo soltar um leve gemido de dor.
-Eu sou médico da cidade próxima, eu te levo até lá, faço um curativo e depois você liga para o guincho vim buscar o seu carro, que tal?
Laninha ficou desconfiada, porque ele era tão gentil assim, iria ajudar sem pedir nada em troca?
Mas não ia adiantar ficar sozinha lá esperando, precisava de ajuda e lá estava sua ajuda. Resolveu aceitar.
-Tudo bem, preciso mesmo de ajuda. Nem sei como te agradecer!
-Não precisa, fico feliz em ser útil.
Pegou suas coisas do carro, se certificou que estava tudo bem trancado e então os dois entram no carro de Leonardo e seguiram até a cidade, Laninha estava com vergonha, com dor. Nem conhecia aquele cara, podia ser mais um aproveitador e disso ela já estava cheia.
-Então, de onde está vindo? (diz Leonardo curioso).
-Ah, de uma cidadezinha a uns 500 km daqui! (disse séria).
Leonardo entendeu que ela não queria muito conversar, então resolveu ficar calado.
Logo chegaram à cidade dele, tinha um ar de interior mesmo, de pracinha com coreto, parquinho para as crianças brincarem, realmente uma cidade bem aconchegante.
Laninha sentia um bem estar estando lá, mas logo se lembrou de sua cidade. Fechou os olhos por um momento, os apertou com as mãos e balançou a cabeça como dizendo que não.
-Está tudo bem? (pergunta Leonardo).
-Está sim, desculpa, minha cabeça está doendo.
-Logo chegaremos ao meu consultório.
Laninha encostou a cabeça no vidro e por um estante cochilou, acordou com Leonardo a chamando.
-Chegamos, vamos entrar?
Seu consultório era pequeno, mas aconchegante tinha uma mesa que provavelmente era da secretária dele e alguns sofás para as pessoas esperarem.
-Você faz o que exatamente?
-Sou clinico geral, faço praticamente tudo. (rindo).
-Que legal!
Entram em uma sala e Leonardo pede que Laninha se deite para que ele possa examinar direito.
Ele se debruça sobre ela para ver melhor, Laninha sente a respiração dele, tinha olhos azuis lindos e uma boca em forma de coração que realmente a deixou balançada.
-Vou precisar dar uns pontos, mas não se preocupe que não vai deixar cicatriz.
-Tudo bem, mas não vai doer né?!
-Vou te dar uma anestesia local, não sentirá nada, fique tranqüila.
Logo Laninha exibia um pequeno curativo na testa, Leonardo a levou ao guincho que tinha na cidade, todos a olhavam desconfiados, quem seria afinal essa pessoa com o Dr. Leonardo?
Laninha conversa com o cara e explica onde seu carro estava e em quais condições, ele disse que tinha alguns serviços para fazer, afinal também era o mecânico, mas que no final da tarde iria buscar.
-Só há essa hora? (disse desapontada).
-Sim mocinha, estou ocupado, você vai ter que esperar!
-Você pode ficar na minha casa enquanto isso Laninha, não tem problema nenhum!
Ela não teria dinheiro suficiente para pagar o conserto de seu carro e ficar em um hotel, teria que aceitar mais uma vez a ajuda de Leonardo.
-Estou abusando de você já!
-Não tem problema, não me importo em ajudar.
Os dois seguiram então a casa dele, realmente era uma casa de homem, simples e meio bagunçada.
-Desculpe a bagunça! (diz desconcertado).
Laninha simplesmente sorri, pela primeira vez Leonardo repara o quão ela era bonita, antes a olhava com olhos de médico e agora com olhos de homem.
-Se você quiser pode tomar um banho, deve estar cansada.
-Realmente estou mesmo, você não se importa?
-Não vá em frente, tenho alguns pacientes para atender agora, mas mais tarde eu volto. Se estiver com fome pode pegar algo na geladeira, assim que possível estarei de volta.
-Tudo bem, muito obrigado pela hospitalidade viu! Nem sei como te agradecer.
Leonardo sorriu e saiu, estava atrasado para a primeira consulta.
Laninha entrou no quarto para deixar sua mala, tinha uma cama de casal cheia de travesseiros, uma televisão e um computador. Sentou se na cama por um instante, recuperou o fôlego e se levantou, mexeu no guarda-roupa a procura de uma toalha, depois tirou sua roupa, a dobrou e colocou em cima da cama.
Enfiou a cabeça em baixo do chuveiro, sentiu a água quente caindo pelo seu corpo e finalmente relaxou, tomou um banho gostoso e demorado.
Trocou-se e foi a cozinha, estava com muita fome, abriu a geladeira e não tinha muita coisa para comer.
-Esse homem vive de brisa! (pensou).
Pegou alguns pães, queijo e presunto, cortou alguns tomates e fez um sanduíche.
Depois de comer lavou tudo e guardou em seus devidos lugares, foi ao quarto, a cama estava convidativa e o sono começou a pesar novamente. Resolveu deitar-se um pouco, tirar um cochilo.
Acomodou-se na cama, o perfume de Leonardo estava impregnado nos lençóis, um pensamento absurdo passou pela sua cabeça, ele era um homem realmente lindo e muito simpático, será que estava se apaixonando por ele?
Pensando assim, rapidamente adormeceu.
Leonardo atendia os pacientes com muita gentileza como sempre atendeu, mas seu pensamento estava longe, estava em casa, mais diretamente em quem estava em casa.
Atendeu todos seus pacientes do dia, se despediu de sua secretária e foi pra casa.
Entrou em casa, ela estava estranhamente silenciosa, pensou que ela não estava mais lá, será que Jimmy tinha ligado e o carro dela já estava pronto? Uma sensação de desapontamento surgiu, Leonardo estranhou.
Começou a procurar pela casa e logo se deparou com Laninha dormindo em sua cama como um anjo.
Seus cabelos estavam enrolados na toalha, vestia uma calça jeans e uma blusinha de alcinhas preta, estava abraçada com um dos travesseiros dele, por um momento ficou com ciúmes do travesseiro.
Ficou ali parado na porta admirando Laninha dormir quando ela abre os olhos. Leonardo fica desconcertado, fica sem saber o que dizer.
-Nossa, me desculpe, acabei dormindo a tarde inteira!
-Não, eu disse que podia ficar a vontade! Está com fome?
-Estou sim.
-Vou tomar um banho e depois preparo algo pra gente comer, pode ser?
-Vamos fazer assim, você toma seu banho e eu preparo o jantar, que tal?
-Tem certeza?
-Tenho sim, pode tomar seu banho sossegado que eu me viro lá na cozinha! (disse rindo).
Laninha saiu do quarto, Leonardo ficou parado a admirando mais uma vez, ultimamente andava fazendo isso demais!
Começou a procurar panelas, iria fazer um macarrão com queijo, não sabia fazer muitas coisas na cozinha.
Leonardo apareceu vestindo uma calça jeans, uma camiseta branca e chinelos, estava tão simples, mas lindo ao mesmo tempo.
Jimmy então liga para Leonardo e avisa que já estava com o carro de Laninha já, mas não tinha dado tempo de revisá-lo, teria que ser no dia seguinte.
Leonardo explica para Laninha a situação e diz que ela podia ficar em sua casa, não teria problemas, ela relutou um pouco, mas não tinha jeito.
Os dois sentaram se a mesa e comeram, Laninha sentia vergonha, Leonardo a fitava com aqueles olhos azuis que a deixava desconsertada. Ele a olhava quase sem querer, quase sem perceber que a encarava daquele jeito.
-Me conte sobre você, está indo para onde?
-Na verdade eu não sei, estou procurando o meu lugar, nunca me senti bem na minha casa, preciso disso, de me sentir bem em algum lugar.
Laninha disse toda a verdade que podia, não correria o risco de contar tudo a ele, ainda não o conhecia o suficiente.
-Hum, espero que encontre logo esse lugar. (disse sorrindo).
-É Leonardo, eu também espero isso!
-Me chame de Leo.
-Tudo bem Leo, agora me conte um pouco sobre você!
-Bem, eu morava em outra cidade mais distante daqui e fiz a faculdade de medicina, mas sentia que não era bem aquilo que queria fazer, passar o dia inteiro num corre corre de hospital sem vida própria. Acabei conhecendo uma mulher que morava nesta cidade, ela me disse que aqui não tinha médico, o outro falecera fazia pouco tempo. Resolvi então ariscar e acabei gostando muito daqui.
-Nossa que legal, e essa mulher, quem era?
-Era minha namorada, esperávamos vim pra cá e nos casarmos. (disse meio desanimado).
-E não é mais?
-Não, assim que me mudei pra cá descobri que ela estava saindo com outro.
-Nossa, sinto muito! Desculpe, estou fazendo perguntas pessoais. (disse envergonhada).
-Tudo bem!
Os dois terminaram de jantar, Laninha quis lavar a louça, mas Leonardo não deixou, abriu um vinho e a convidou para sentar ao lado da lareira, o tempo já começara a mudar, logo faria inverno.
Logo estavam bebendo e se divertindo, Laninha estava se sentindo mais confortável e conversava alegremente com Leonardo que com certeza sabia que estava apaixonado por ela.
Leonardo sem pensar duas vezes senta se mais perto de Laninha, a olha diretamente nos olhos, sentia um calor subindo pelo corpo, queria muito beijá-la. Laninha sentia o mesmo, parecia estar hipnotizada pelos olhos dele, sua cabeça estava vazia, mas como um pingo caindo no nada veio as lembranças e Laninha se afastou.
-Desculpa Laninha, não foi minha intenção!
-Desculpa eu Leo, ainda não estou preparada pra isso, acho que vou me deitar!
-Bem, você dorme na minha cama que eu durmo aqui na sala.
-Não, que isso, pode deixar que eu durmo aqui.
-Nem pensar Laninha, deixa eu só pegar meu travesseiro e um cobertor e você pode se deitar.
Laninha se deita na cama de Leonardo, ainda sentia seu perfume, sua mente a fazia lembrar daquele momento com ele várias e várias vezes.
Não podia se relacionar agora, não podia, mas por alguma razão não conseguia tira-lo da cabeça.
Leonardo deitado no sofá não conseguia para de pensar em Laninha, passou horas acordado tentando decifrar aquela mulher tão misteriosa, algo lhe dizia que ela não contara toda a verdade, ainda tinha muita coisa guardada dentro dela, e ele sabia que cada dia que passasse fazia mais mal.
Laninha custou a dormir, um turbilhão de pensamentos rodava em sua cabeça, estava totalmente confusa. Abraçou bem forte o travesseiro e acabou adormecendo mais uma vez sentido o perfume de Leonardo.
Logo começa a cair um temporal, um raio cai bem perto fazendo Laninha gritar de medo, Leonardo ainda acordado corre para o quarto, estava apenas de samba-canção, abriu a porta desesperado e encontrou Laninha encolhida em um dos lados da cama.
-Você está bem? (diz ofegante).
-Me assustei com o raio, caiu tão perto, por um instante pensei que tinha caído aqui em cima da casa.
Leonardo senta se ao lado dela e a abraça, parecia uma menininha assustada.
-Aqui costuma cair bastantes raios mesmo, mas não se preocupe nada vai acontecer.
-Por favor, dorme aqui comigo, não vou conseguir dormir sozinha!
Leonardo ficou pensativo, seria difícil ficar perto dela sem poder tocá-la, um verdadeiro sacrifício.
-Tudo bem.
Laninha se acomoda na cama e puxa Leonardo para perto dela, o abraça com força. Leonardo se arrepiava com o toque da pele dela, sente o cheiro dela, uma vontade de tomá-la em seus braços e a beijá-la com tudo aquilo que estava sentindo. Mesmo assim não o fez, percebia que Laninha estava muito assustada, logo os dois adormeceram.
Laninha abre os olhos lentamente, ainda estavam pesados por causa do sono, olha para o lado e vê Leonardo dormindo serenamente, leva um susto, o que ela tinha feito a noite passada? Não podia acreditar no que estava vendo, por um instante sua mente lhe pregou uma peça, por um instante pensou ter acontecido muito mais do que apenas ter dormindo com Leonardo.
Leonardo aos poucos vai acordando e se depara com Laninha sentada na cama.
-Dormiu melhor? (se espreguiçando na cama).
-Acho que sim. (deu um longo suspiro e olhou para ele). Desculpa ter me comportado como uma criança ontem!
-Não se preocupe, eu não me assusto mais porque já estou acostumado, mas no começo eu sempre me assustava com os raios.
-Verdade?
-Lógico você viu ontem, eles costumam a cair muito perto das casas. Mas está tudo bem, não achei ruim dormir ao seu lado. (deu um sorriso malicioso).
-É né?! (rindo). Eu também não achei.
Os dois ficaram rindo e conversando, enquanto Laninha olhava o corpo perfeito de Leonardo deitado na cama, na noite passada estava tão assustada que nem reparou que ele só usava samba-canção.
Leonardo se sentia a vontade ao lado dela, como se já se conhecessem há muito tempo, tinham muitas coisas em comum um com o outro.
-Você está com fome? Vamos tomar café?
-Vamos sim.
Laninha e Leonardo se arrumaram, um em cada lugar é claro, e foram a uma lanchonete que tinha na cidade e pelo jeito a única.
Mais uma vez todos a olhavam com desconfiança, ela se sentia estranha, mas sabia que pessoa nova em cidade pequena era assim mesmo.
Entraram e tomaram um café reforçado, tudo estava uma delícia e muito caprichado, não se lembrava qual foi a ultima vez que tomou um café da manhã assim.
Leonardo precisava ir trabalhar, levou Laninha até Jimmy e seguiu seu caminho.
-Então, vai ter como arrumar meu carro?
-Olha mocinha, arrumar tem sim, mas vou demorar um pouco, a peça que preciso tenho que encomendar de outra cidade pra depois arrumá-lo.
-Nossa, e quanto tempo mais ou menos vai demorar?
-Talvez uns três dias pra ficar tudo pronto.
Laninha não podia acreditar no que estava ouvindo, assim como ela iria embora? Não seria uma má idéia ficar, seria? Leonardo parecia estar interessado nela e ela nele, quem sabe não poderia ficar? Arrumar um emprego, um lugarzinho só para ela. NÃO! Ela não podia ficar, uma hora ele a acharia e levaria de volta, aqui não era longe o suficiente., teria que ir embora o mais rápido possível.
Agradeceu Jimmy e foi em direção do consultório de Leonardo. Falou com uma senhora de uns quarenta anos muito simpática que era a secretária dele, disse que precisava falar com Leonardo, nem que fosse rapidinho.
-Ele ainda está atendendo uma pessoa, se não se importar de esperar?
-Tudo bem, eu espero.
Ficou alguns minutos esperando e logo apareceu Leonardo na porta se despedindo de um senhor. A viu e a chamou para entrar.
-Tenho uma triste notícia pra te dar, o Jimmy disse que vai demorar uns três dias para o meu carro picar pronto.
-Porque triste notícia? Pra mim é muito boa, vou poder ficar mais um tempo em sua companhia.
-Assim você me deixa envergonhada Leo.
-Olha, preciso te dizer que não estou mais resistindo aos seus encantos, cada vez fico mais apaixonado por você!
Laninha fica parada sem saber o que dizer também se sentia assim a respeito dele.
Leonardo foi se aproximando cada vez mais de Laninha que foi recuando a parede até se encostar nela.
Leonardo leva sua mão ao rosto de Laninha e a outra coloca em sua cintura, olha diretamente em seus olhos, Laninha estava ofegante, queria o beijo tanto quanto ele.
Ele a prensa na parede, corpo contra corpo, a respiração aumentava cada vez mais quando finalmente Leonardo a beijou.
Laninha colocou uma de suas mãos na nuca de Leonardo e foi subindo entre seus cabelos e a outra subia em suas costas.
Se beijaram com paixão, as mãos de ambos subiam e desciam pelos corpos, Laninha esquecera de tudo, pra ela só importava aquele momento.
Laninha abre os olhos e vê Leonardo que retribuía o sorriso que estava estampado em seu rosto, estava feliz de finalmente ter enfrentados os seus sentimentos.
-Bem... É... Volto pra sua casa? (diz desconcertada).
-Isso, na hora do almoço estarei lá.
-Então tá, até mais Leo!
-Até!
Laninha sai flutuando, estava nas nuvens, mas mesmo assim ainda consegue tropeçar no tapete da porta, Leonardo riu também se sentia flutuando, feliz.
Foi andando pelas ruas sorrindo, cumprimentava até as pessoas que achava estranho, por sorte o consultório de Leonardo não ficava longe de casa, se não com certeza tinha se perdido.
Estava tão empolgada que abriu todas as janelas, varreu a casa, tirou o pó dos móveis, arrumou o quarto que realmente estava precisando, colocou as roupas para lavar e passou as que tinham.
Leonardo ligou avisando que infelizmente não poderia ir para o almoço, tinha umas coisas para resolver. Laninha então arrumou a casa toda e preparou uma surpresa para Leonardo.
Lá pelas seis hora da tarde Leonardo chega em casa, estava cansado, abriu a porta e se deparou com uma casa totalmente diferente do que estava de manhã, estava limpa e perfumada. Vai entrando e chama por Laninha, olha para o chão e vê uma trilha de pétalas de rosas brancas que levava até ao banheiro, colocou sua pasta no sofá e suas chaves na mesinha e foi seguindo a trilha.
Entrou no banheiro e encontrou Laninha sentada na banheira usando somente as bolhas, tinha velas espalhadas pelo banheiro, um perfume gostoso pairava no ar.
-Então, quer entrar aqui comigo? (disse com uma voz serena).
Leonardo simplesmente fez que sim com a cabeça e foi tirando sua roupa, Laninha admirada olhava para o corpo em forma de Leonardo, ele era muito gostoso.
Ele entrou na banheira, Laninha o puxou para mais perto e lhe deu um beijo ardente, Leonardo a puxou e se encaixaram e fizeram amor pela primeira vez.
Depois tomaram um bom banho e Leonardo a levou para o quarto nos braços, Laninha estava radiante, tão feliz, não podia acreditar que tinha encontrado um homem tão maravilhoso assim.
Os dois sentaram na cama e Leonardo falou que esses dias estavam sendo os melhores da vida dele, que estava muito feliz.
Laninha o abraçou e o beijou, dessa vez dormiram muito mais do que abraçados.
Manhã seguinte Laninha acorda com os raios de sol entrando pela janela, se espreguiça lentamente, vai recobrando os sentidos e olhando em volta e percebendo onde estava, se levantou sorridente procurando por Leonardo que não estava no quarto.
Leonardo estava na cozinha usando apenas samba-canção e um avental, preparava a mesa de café assobiando todo feliz.
-Bom dia Leo! (diz com uma voz suave).
-Bom dia minha querida, dormiu bem? (dando lhe um beijo).
-E como! (pegou uma cereja que estava em cima da mesa e comeu).
Os dois se sentaram à mesa e tomaram o café, Laninha estava radiante, não escondia sua felicidade, Leonardo se sentia o homem mais feliz da face da Terra, essa era a primeira vez desde que sua ex namorada o deixou, que se relacionava com alguém.
-Leo, tenho uma coisa que preciso lhe contar.
-O que foi?
-Na verdade estou fugindo de casa, da minha cidade, de tudo.
-Porque, o que aconteceu?
-Foi assim, meu pai foi embora há muito tempo, eu devia ter uns cinco anos, desde então minha mãe começou a beber muito e cada vez piorava mais. Não demorou muito e ela arrumou um canalha pra colocar dentro de casa que em vez de ajudá-la a largar a bebida, bebia junto com ela. Eu nunca tive uma infância normal, muito menos a adolescência, mas por sorte nunca entrei na onda deles e me tornei uma alcoólatra. Quando comecei a namorar, meu padrasto começou a ter ataques de ciúmes constantes, me trancava em casa e me batia muito. Minha mãe nunca fez nada, assistia a tudo e depois vinha me acalentar e isso não importava mais, cada dia que passava as surras aumentavas, até quando resolvi que não queria mais isso e fugi, coloquei umas coisas na bolsa e sai mundo a fora, procurando o meu lugar. (diz com os olhos cheios de lágrimas).
-Nossa Laninha, eu nem sei o que te dizer, você deve ter sofrido tanto. É por isso que você estava com tanta dor nas costas, você apanhou naquela noite? (diz sofrendo).
-(agora chorando muito). Sim Leo, apanhei sim, mas pela ultima vez!
-Mas agora você está longe, você pode ficar aqui comigo. Fica por favor!
-Eu gostaria muito mesmo de ficar, mas não posso ele vai me encontrar, mais cedo ou mais tarde, preciso ir para bem longe, em outro estado de preferência!
-Por quê? Fica, ele não vai te achar aqui, e se achar não vai te levar. Eu vou te proteger dele, prometo!
-Infelizmente não posso e isso já está decidido, preciso ir embora, o mais rápido possível daqui. Eu queria muito poder ficar, mas...
Leonardo a abraçou com força, sabia que não importasse o que diria, ela não ia mudar de opinião.
Ficaram assim por alguns minutos, Laninha se sentia protegida em seus braços, mas mesmo assim tinha medo que Bob machucasse Leonardo, não podia permitir isso, de jeito nenhum.
No dia seguinte Leonardo a levou ao parque de diversões que tinha na cidade.
Leonardo deu a Laninha um lindo gatinho de pelúcia que ganhou no tiro ao alvo, comeram pipoca e algodão doce, Laninha não se divertia assim há muito tempo, esquecera todos os seus problemas, até mesmo que iria embora de logo logo.
Laninha morre de medo de altura, mas convencida por Leonardo aceitou andar de roda gigante, pela primeira vez, estava nervosa, sua mão suava. Ele pegou em sua mão e sentaram na cadeira, Laninha tremia de medo, Leonardo a abraçou e lhe deu um beijo carinhoso, todos os seus medos passaram e ela pode curtir a vista linda que tinha lá de cima.
Na cidade todos comentavam da forasteira que tinha conquistado o Dr. Leonardo, afinal ninguém sabia quem ela era. Cada um dizia uma coisa e assim a história ia se espalhando, a unia coisa que sabiam era que Leonardo a tinha “achado” na estrada, que tinha sofrido um pequeno acidente.
Laninha passou esses dias na casa de Leonardo, o esperando voltar do consultório, sempre preparava um belo jantar para os dois que depois ficavam sentados à lareira conversando, se conhecendo.
Aqueles dois dias passaram voando, Leonardo cada vez mais amava Laninha em segredo, demonstrava, mas não dizia a ela, não queria se machucar, sabia que Laninha não iria ficar.
Logo Jimmy ligou e disse que o carro estava pronto, Laninha finalmente poderia ir embora, ou infelizmente ir embora?
Ela podia ficar, podia amar Leonardo de verdade, não podia? Não, não podia mesmo, tinha que sair dali antes que sofresse mais, antes que fizesse Leonardo sofrer mais.
O carro estava estacionado na frente da casa de Leonardo, suas coisas já estavam lá dentro, só faltava à parte mais difícil, se despedir dele.
-Você tem certeza que não quer ficar?
-Tenho Leo, realmente preciso ir, gostaria de ficar com você, mas não posso.
-Tudo bem, só não se esqueça que eu te amo!
Laninha começou a chorar.
-Eu também te amo, e muito!
Se abraçam apertado e Laninha entra no carro chorando mais do que antes, estava abandonando seu amor por causa dele, isso tudo era culpa dele!
Então mais uma vez estava na estrada, fugindo novamente de Bob, fugindo de Leonardo, de seu amor verdadeiro.
Chorou por horas, não se controlava, doía tanto, sua cabeça estava cheia de pensamentos, cheia de lembranças desses dias.
Finalmente Laninha sai do estado, já se passara um mês, cada dia doía menos à falta de Leonardo, mas ainda doía.
Um dia hospedada em um hotel barato a beira da estrada teve uma recaída, olhou para o telefone, uma vontade louca de ligar para ele, de escutar sua voz. Mas resistiu, desceu e foi comer algo.
Assim que entrou na lanchonete um cheiro de fritura veio com força em sua direção, ficou tonta, nauseada, quase desmaiou. Se escorou na porta e saiu correndo em direção ao banheiro, lá vomitou tudo o que tinha no estômago e o que não tinha.
Realmente não estava bem, estava tonta, subiu para o quarto e deitou, tentava dormir, mas seu estômago estava ruim, embrulhado, a cabeça doía, ficou se revirando na cama até que criou coragem para ir à farmácia.
-Preciso de algo para o estômago, estou passando mal. (disse a uma senhora que atendia o balcão).
-O que está sentindo querida?
-Meu estômago está doendo, minha cabeça, meu corpo, tudo!
-(disse baixinho). Você não está grávida não?
-Não... não... não pode ser!
-Acho que pode, pegue um teste e tome esses remédios que você vai se sentir melhor.
Laninha foi ao quarto, tomou o remédio e se deitou o pacote com o teste estava em cima da mesinha, parecia que a encarava, precisava tirar logo essa dúvida.
Entrou no banheiro, leu a bula e seguiu os procedimentos, demorava uns dois minutos para aparecer o resultado. Os dois minutos mais longos de sua vida.
Sentou se no vaso sanitário e ficou olhando para cima, estava tonta, olhou no celular, tinha passado o tempo, olhou ansiosa par o teste, não podia acreditar, estava mais que confirmado, ela estava realmente grávida.
Isso não poderia acontecer, não assim, o que ela iria fazer? Ela viveu sem um pai, sabia como fazia falta e não podia esconder isso de Leonardo, teria que contar!
Mas mesmo assim tinha receios de voltar lá, e se Bob já tinha ido até lá? Se já tivesse descoberto sobre Leonardo? Sua cabeça estava a mil, totalmente confusa.
Uma parte dela pedia desesperadamente para voltar para ele, a outra dizia para seguir em frente, cuidar desse bebê sozinha e tentar ser feliz ao máximo.
Leonardo seguia com sua vida normalmente, sentia muita falta de Laninha, toda vez que entrava em casa se lembrava dela, em todos os cantos tinha a sua presença. Laninha tinha esquecido um cachecol em sua casa, seu perfume estava impregnado lá, sempre que sentia saudades Leonardo o cheirava, abraçava, tentando suprir a falta que sentia dela.
Sempre lhe perguntava de Laninha o fazendo sofrer, ele não sabia o que responder, só dizia que ela precisou ir embora, mais nada.
Laninha pegou a estrada, tinha resolvido, teria esse bebê a qualquer custo, não iria se prender a nada e nem a ninguém.
-Dr. Leonardo, você tem uma paciente nova. (disse a secretária).
-Quem? Nova na cidade?
-Parece que sim, disse que desconfia estar grávida, precisava fazer os exames, e recomendaram você!
-Nossa que estranho, não sabia que tinha mudado gente nova para a cidade.
-Pois é, ela está na sua sala lhe esperando.
Leonardo entrou na sala, a moça já estava sentada na cadeira, de costas para ele, sentiu seu perfume, parecia muito com o de Laninha.
Assim que deu a volta na mesa, para sua surpresa quem estava sentada era Laninha, que abriu um largo sorriso ao vê-lo.
Leonardo ficou parado, olhos arregalados, não podia imaginar que encontraria ela de volta, estava tão feliz!
-O que está fazendo aqui? (perguntou confuso e feliz ao mesmo tempo).
Laninha se levanta e o abraça, seus olhos se enchem de lágrimas, estava sentindo tanta a falta dele, estava com tantas saudades. Os corações dos dois batiam no mesmo ritmo, dava pra sentir, os olhos dele estavam molhados, ele a apertava com força, como que se soltasse ela poderia fugir novamente.
-Leo, precisamos conversar. (disse ainda chorando).
-Pode falar o que foi? (nessa hora nem se lembrou do que sua secretária tinha dito).
Laninha engole seco, chegou a hora da verdade, iria lhe contar de sua gravidez, que ele seria papai, será que ia reagir bem? Ficaria feliz ou desapontado? Tudo poderia acontecer agora.
-Ah, que história era aquela que minha secretária inventou, de paciente nova que tava grávida? (diz rindo).
-Não é história Leo, é verdade.
Leonardo ficou paralisado em frente dela, olhava para os lados como se tentasse colocar os pensamentos no lugar, ainda pasmo com a notícia começa a gaguejar.
-Você... Eu... Grávida...?
Laninha se encolheu, imaginou agora Leonardo gritando com ela, mandando tirar o bebê ou mandando ela embora, sua cabeça parecia que ia explodir, tudo começou a rodar, estava se sentindo tonta, logo o chão parecer estar mais próximo e desmaiou.
Foi recobrando seus sentidos aos poucos, ainda se sentia tonta, sua cabeça doía, seu coração estava acelerado, tentou se levantar, parecia que tinha um elefante sentado em seu peito.
Logo sentiu a mão de Leonardo lhe tocando suavemente no ombro e olhou para ele, tinha um semblante de preocupado, mas a olhava com carinho.
-Você está melhor Laninha?
-O... O que aconteceu?
-Você desmaiou. Você não está bem né?!
-Realmente minha vida está de pernas para o ar, ando tão confusa. (chorando). E agora esse bebê, eu não sei o que faço da minha vida.
-Calma, olha para mim. (puxando seu rosto). Estou aqui com você agora, não precisa ter mais medo. Eu te amo e vamos enfrentar isso juntos, como uma família!
-Você quer mesmo ficar comigo, com a gente? (fala passando a mão na barriga).
-É lógico que quero, vocês são as pessoas mais importantes na minha vida e isso não vai mudar, nunca!
Leonardo puxa Laninha e a abraça com todo o seu amor e sua felicidade. Laninha chora mais ainda em seus braços, o aperta com força, seu coração se sentia tão reconfortado com essas palavras, estava cheio de alegria.
-Quer dizer então que vamos ter um bebê? (diz Laninha toda feliz).
-Vamos minha linda, vamos sim!
Parecia que aquele sufoco todo estava passando, todo aquele pesadelo e finalmente Laninha podia viver em paz, amar e ser amada como nunca foi antes.
Leonardo estava preparando uma grande surpresa para Laninha, depois de dois meses morando juntos, finalmente ele conseguiu juntar dinheiro para comprar um anel de noivados e nessa noite ele a pediria em casamento.
Ele estava muito mais feliz do que podia imaginar, tinha uma linda mulher lhe esperando em casa carregando um filho seu, a vida não podia estar mais completa. Viveriam felizes até onde desse, até onde fosse possível, porque afinal não existe Felizes para sempre!




FIM!



Laninha Noriz!